Valnia Véras

Moro nas gavetas da minha alma

Meu Diário
17/03/2025 17h35
Barreiras Atitudinais

 

Hoje trago uma reflexão sobre nossas atitudes e comportamentos: 

 

De que maneira nossas ações ou omissões impactam a vida das pessoas?

 

Diariamente nos deparamos com pautas inclusivas, luta por políticas afirmativas, que garantam cidadania e dignidade aos grupos minorizados. 

 

Quais são os nossos pensamentos acerca dessas reivindicações?

 

Interessante, que essas pautas num mundo “cristão” nem deveriam existir, pois a igualdade de condições deveria representar a essência dessa sociedade. 


Um Jesus revolucionário falava em amor, em perdão, em igualdade, em não julgamento, em acolhimento, respeito… Em que momento esses ensinamentos foram deturpados e chegaram às pregações da atualidade?

 

O termo “barreira atitudinal”, citado no título deste texto, é utilizado para definir os entraves enfrentados pelas pessoas com deficiência, em razão da falta de empatia, da ausência de sensibilidade, do descaso e da indiferença às causas de acessibilidade.


Num mundo projetado para pessoas sem deficiência, os desafios são imensos. Quando não há  conscientização, respeito ou vontade de promover verdadeiramente a acessibilidade, os desafios se transformam em muros altos de concreto, uma profunda e densa barreira de comportamento.


Vou pedir emprestado esse termo “barreira atitudinal” para falar sobre as dificuldades enfrentadas pelos negros, pela comunidade LGBTQUIAPN+, pelas mulheres… Essa barreira manchada de sangue mata, constrange, adoece…


Essa barreira rotineiramente é encontrada “dentro de casa”, quando um(a) filho(a) é discriminado(a) por ter uma orientação sexual distinta da heteronormatividade .
Essa barreira está presente na rua, quando um negro é confundido com um bandido, apenas em razão da sua cor.
Ou no “doce lar”, quando uma mulher precisa se calar diante do marido, numa posição de submissão e medo.

 

Na diversidade da vida não deveria haver espaço para o preconceito, no dicionário da existência terrena não deveria haver a palavra “excluir”. O curioso é que há uma palavra perfeita para definir essa exclusão: “neutralidade”.


A neutralidade é palavra vazia, porque de fato não existe. Todas as pessoas têm lado. Somos seres políticos e como tal, fazemos escolhas o tempo todo. Resta saber se estamos escolhendo excluir ou acolher.

Lembrei novamente de um homem conhecido por Jesus e também dos que o torturaram e o assassinaram em nome de Deus, acho que eram conhecidos por fariseus, não é? 


Parece que a história se repete e se multiplica, pois o Cristo está morando nas ruas (muito quentes ou geladas), pregado nas cruzes de sofrimento, onde os grupos minorizados continuam pendurados e expostos à multidão.


Diante de barreiras atitudinais gigantes, poucos conseguem diminuí-las ou escalar sua estrutura. 
Sei que é uma luta árdua, muitas vezes inglória, com poucas e tímidas conquistas, entretanto, guardo a certeza em meu peito, que não desejo estar ao lado dos que ajudam a manter essa parede de segregação ativa. 
 


Publicado por Valnia Véras em 17/03/2025 às 17h35



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