Valnia Véras

Moro nas gavetas da minha alma

Meu Diário
10/05/2025 12h34
DESAPEGO x AMOR

 

 

Vivo num mundo de inúmeros apelos, com vitrines e propagandas coloridas. São tantas coisas bonitas expostas, tantas viagens fantásticas. Há sempre uma oportunidade de posse na esquina.

Vendo o meu tempo para comprar uma bolsa, um par de sapatos, uma roupa nova. Quiçá um carro de luxo ou uma viagem internacional.

Eu preciso do necessário!

Mas o que é o necessário?

Acredito que esse necessário adquire vários significados: para quem tem fome, é a comida; para quem não tem teto, um abrigo; para quem está desempregado, uma oportunidade de trabalho; para quem está doente, a saúde...

Mas ser feliz com o supérfluo também é um caminho agradável. No calor escaldante, ter um ar-condicionado é maravilhoso. Num país desigual, onde milhões vivem abaixo da linha da pobreza, ter um bom salário é fantástico. A oportunidade de conhecer inúmeros lugares diferentes, é um sonho.

Não julgo o supérfluo, pois seria nadar num mar de hipocrisia.

Inserida nesse mundo de consumo, o que ofereço no agora é uma proposta de reflexão:

Em que momento a felicidade vem até mim? O que me traz plenitude? De onde vem aquela sensação de pertencimento e paz?

Fechemos os olhos por um instante e deixemos que o pensamento voe livre em direção aos amores que temos guardados na lembrança. Será que conseguiremos atribuir um preço ou colocá-los numa vitrine para vendê-los?

Passamos a vida correndo em direção à certeza de uma vida segura, garantida pelas coisas materiais. Sempre nos esforçando para proporcionar conforto para as pessoas que amamos, ou quem sabe para nos sentirmos mais importantes no espaço que ocupamos.

Mas a ampulheta do tempo continua ativa, confiante e impassível diante das nossas vulnerabilidades.

Hoje é um presente fundamental para o bem viver. Que tal emprestarmos um pouco do necessário para os nossos amores? Um beijo, um abraço, uma oração. Uma música sussurrada, uma risada escancarada, uma alegre recordação...

Que o amor nos ensine o caminho do necessário e nos ajude a desapegar do que nos rouba o tempo e nos isola no vazio das horas perdidas.

 

Valnia Véras


Publicado por Valnia Véras em 10/05/2025 às 12h34
 
07/05/2025 21h14
A urgência de fazer o bem

A urgência de fazer o bem, a necessidade de ser mão que acolhe, a angústia de não poder ajudar todas as pessoas... Às vezes é difícil viver num mundo tão complexo, de tanta desigualdade, com tanto preconceito e exclusão.

 

Desejo intensamente ser essência, jamais aparência, porque fazer de conta só funciona quando o objetivo for alegrar a vida de alguém. Na labuta diária, na construção de um mundo melhor, as atitudes e pensamentos precisam ser verdadeiros.

 

Diante da verdade, os desafios são imensos.

A distribuição da essência representada pela bondade real não se restringe à religião, ela vai além, é estruturalmente espiritual, um passo em direção à evolução da humanidade.

 

Testemunhamos religiosos hipócritas adotando ações incoerentes com os ensinamentos de Jesus, utilizando seu nome para justificar o “descartar” dos irmãos e irmãs. Também nos deparamos com ateus empáticos, que mesmo sem promessas de “paraíso” constroem laços fraternos com os “indesejados”.

 

Nesse mundo diverso, de configurações familiares tão distintas, de pessoas com vivências tão diferentes, por que limitar comportamentos?

 

Nos momentos de reflexão, costumo indagar em frente ao espelho: por que defender grupos minorizados muitas vezes é sinônimo de heresia?

 

Regras são importantes para organização de um povo que gosta de direitos, mas evita os deveres. Quanto mais regras são criadas, mais pessoas se apresentam dispostas a driblá-las, deturpá-las e direcioná-las a seu favor.

 

Numa sociedade cristã, realmente cristã, não há lugar para privilégios, nem hierarquia. Basta lembrar do Cristo de Nazaré: andarilho, sem bens materiais, sem acúmulo de capital, sem ocupar cargos ou posições importantes , sem a burocracia dos fariseus.

 

Como estamos distantes dessa tão sonhada sociedade fraterna...

 

O que nos resta é sonhar com a volta para casa, levando na mala os tesouros do coração.

 

O tempo urge, é hora de plantar sementes...

 

Valnia Véras


Publicado por Valnia Véras em 07/05/2025 às 21h14
 
05/05/2025 16h35
Atrevimento

 

Atrevimento é uma palavra audaciosa.

Inaugura o nada

De nariz em pé

Com olhar desafiador

Sem placa de aviso.

Embrenha-se na mata escura e enfrenta o fantasma assustador da mesmice.

 

Ah! as pessoas atrevidas… Borboletas coloridas enfeitando a multidão.

 

Diante delas a verdade se estampa e desmistifica as velhas práticas engessadas, reificadas, que pavimentam a existência.

 

O som estridente da risada,

atrevidamente

balançando

muros de vaidade,

enfrentando moinhos de gente,

desmascarando a hipocrisia do cotidiano.

Atrevida, revestida e travestida

de liberdade,

de coragem

numa simbiose de vida e resistência.

 

Valnia Véras

 


Publicado por Valnia Véras em 05/05/2025 às 16h35
 
29/04/2025 21h24
O amanhã

O dia de amanhã é uma janela de surpresas, uma carta de amor que ainda não foi escrita, um medo intenso que bate à porta.

 

Num mundo de ansiedade contínua, o futuro está mais presente do que o próprio hoje. Estamos sempre na expectativa do que faremos no minuto seguinte.

 

O que iremos comer amanhã? Onde iremos? Com quem estaremos? O que perderemos ou ganharemos? Qual a utilidade de tudo isso?

 

Esquecemos da preciosidade do momento atual, do agora. Concentramos nossa atenção no que virá, sem a certeza que essa idealização realmente aconteça.

 

Em que instante decidimos parar de viver o hoje para esperar viver o amanhã?

 

Embora o dia de amanhã seja importante, pois poderá ser a realização de sonhos ou superação de problemas, é no presente que plantamos as sementes do esperançar.

 

Amanhã será um lindo dia ou não.

 

Amanhã tudo será solucionado ou não.

 

Amanhã é só mais uma parcela de tempo, uma etapa, um pedacinho de vida

que está sendo construído no presente.

 

Não há certezas!

 

 A areia escorre por entre os dedos impiedosa.

 

A mudança é perene, não temos o total controle desse trem desenfreado que é viver, MAS, CONTUDO,TODAVIA, podemos aproveitar o sopro do agora.

 

Sinta a força do vento,

 

molhe-se na chuva,

 

sorria escandalosamente com as pessoas que ama.

 

Amanhã... A gente pensa quando chegar.

 

Valnia Véras


Publicado por Valnia Véras em 29/04/2025 às 21h24
 
25/04/2025 09h25
O peso da Insatisfação

 

Certamente todas as pessoas já sentiram em algum momento o peso da insatisfação, aquela sensação de que existe uma imensa porta de ferro obstruindo a passagem. Um sentimento que assola a alma, em razão dos repetidos “não” que ouvimos ao longo da vida.

 

O “não” nos desestimula a seguir em frente. O “sim”, constante e imposto, nos traz desânimo.

Como lidar com o peso da insatisfação? Como lidar com as aparências e máscaras que nos perseguem nos instantes que buscamos verdades?

 

Como seguir em frente diante das barreiras na calçada?

 

Como ter voz, se a invisibilidade abafa as lutas diárias?

 

O peso da insatisfação pode ser medido a partir da rebeldia, do inconformismo, da certeza da transformação.

Se em alguns momentos a insatisfação nos paralisa, logo em seguida ela nos impulsiona. É o gérmen da desconstrução, a janela aberta para um mundo novo.

 

Estamos evoluindo e o mundo experimenta diuturnamente a transição das coisas, das estações, das luas.

O peso da insatisfação é uma interrogação, talvez uma vírgula, inúmeras reticências.

 

Com esse peso eu convivo temporariamente, com a insatisfação eu levanto, rastejo e planto resistência.

 

Como diz Caetano veloso “ Acredito ser o mais valente nessa luta do rochedo com o mar..”

 


Publicado por Valnia Véras em 25/04/2025 às 09h25



Página 1 de 6 1 2 3 4 5 6 próxima»



Site do Escritor criado por Recanto das Letras