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17/02/2025 07h37
A solidão do livro num mundo iletrado
Ler é viajar por mundos mágicos, onde o conhecimento, a arte, a filosofia e a ciência se encontram e transportam pessoas, tirando-as da mesmice de uma vida morna e previsível.
Nas páginas da existência, a leitura do ser humano é imprescindível para construção de um espaço mais inclusivo, justo e feliz, onde leitoras e leitores interagem e se conectam com um recorte cristalizado de tempo, seja científico ou literário, psicológico ou jurídico, de suspense ou infantil.
A leitura vai além dos livros, a percepção das coisas e seres vai além da escrita ou da fala, entretanto, as linhas materializadas, registradas e choradas nas páginas de um livro, escrito ou cantado, guardam memórias, instigam sonhos e tecem caminhos.
Mas como entender a beleza de um livro, se nem mesmo a capa representa um atrativo para as pessoas que correm nas calçadas da cidade fria? Como um bom e velho livro de papel pode competir com um aplicativo ou plataforma digital?
Num país iletrado, onde a educação não é prioridade, onde ler um livro é apenas uma obrigação escolar, a leitura é um acessório pouco valorizado. Presenteia-se uma amiga ou amigo com um par de sapatos, com uma roupa, com um copo, mas é pouquíssimo provável presenteá-los com um livro.
Sou uma contadora de histórias, sopro versos e enfeito sonhos, nas linhas traçadas convido leitoras e leitores a viajar comigo nas páginas da imaginação, colorindo o mundo com reflexões e histórias desta vida terrena ou não. Na solidão da minha escrita, sinto o peso da ausência daqueles que comporiam os diversos sentidos propostos, dos sentimentos não vividos, do descaso e da troca do querido e precioso livro por uma caneca de aniversário.
Hoje, costurando as ideias nas entranhas deste amigo, trago-lhe uma canção de ninar, mostrando-lhe que não está só em sua solidão, que ao seu lado construo e vivo um mundo de aventuras contadas e sofridas no infinito de nós dois.
Valnia Véras
Publicado por Valnia Véras em 17/02/2025 às 07h37

16/02/2025 13h10
Domingo de RÉ-COMEÇO ou RECOMEÇO
Às vezes as dificuldades costumam ocupar o palco da vida e se destacam como protagonistas, com muitos dramas e desassossegos. O enredo da história assume um cenário sombrio, desgastante, onde a tragédia ocupa o lugar da comédia.
Sem o riso é difícil resistir as intempéries, sem esperança o caminho se anuvia e nada mais tem sentido. Em tempos sombrios, as notícias ruins nadam de braçada e desenham nuvens espessas no horizonte.
A energia umbralina comanda as mentes e inspira a desilusão e o RÉ-COMEÇO, num vai e vem de passado repetido. Saudosismos romanceados em erros do passado alimentam a ganância e o egoísmo, marionetes da tristeza e da fome de justiciamento estampadas nas redes sociais.
As imagens excluem, apagam histórias e evidenciam o poderio dos poucos indivíduos detentores do ínfimo poder existente neste pequeno planeta azul. Num recorte de tempo no infinito das horas, acreditamos mais no instante do que na eternidade das lutas.
Ré-começo, ré-tratar, ré-construir... As vivências da ré são importantes como lição, jamais como forma dialética do pensar. O registrar do passado é espetacular e imprescindível para construção da memória, para permear o pensamento de fatos que não podem cair no esquecimento. Entretanto, o RECOMEÇO necessita de novos ares, novos olhares e novas formas de luta.
A RESISTÊNCIA pelo riso dialético, quando ocupa o espaço da transformação, respira, resplandece, renasce no esperançar de um novo mundo, com ideias recheadas de sonhos ousados e aparentemente utópicos.
Na fila de trapos e corações eivados de vivencias no umbral, aprendamos a RECOMEÇAR como os vaga-lumes, que não se deixam amedrontar pela escuridão e seguem radiantes nas trevas da noite.
Valnia Véras
Publicado por Valnia Véras em 16/02/2025 às 13h10

10/02/2025 14h09
Amor
Falar de amor parece bem fácil, principalmente quando não refletimos sobre sua essência e nos concentramos na instantânea sensação de bem-querer. O eu te amo sai fácil diante de um momento de emoção, numa troca de olhares apaixonados, nas festinhas de dias comemorativos, no soprar das velinhas do bolo de aniversário.
Mas falar de amor nas situações de dificuldades é uma pedra bem grande na caminhada, difícil de mover, é uma trava na língua, um bolo no estômago, um gosto amargo de lágrima no céu da boca.
Se falar de amor nos momentos de raiva e tristeza já é um desafio, imagine vivenciar o amor nos momentos de dor ou insegurança.
Fala-se muito no amor de uma mãe por um filho ou uma filha, dizem até que é o tipo de amor que mais se aproxima daquele sentimento aconselhado por Jesus num dos mandamentos: “amai a teu próximo como a ti mesmo”.
Mas e o amor de um(a) filho(a) por uma mãe? Como podemos traduzir? Se o amor de mãe é o mais puro e próximo do mandamento, então a semente foi plantada no coraçãozinho do (a) filho(a), não é?
Mas como ensinar a um filho ou a uma filha sobre a importância do amor? Como demonstrar a uma mãe o quanto seu amor é essencial?
Não sei, não trago receitas de bolo, nem respostas prontas, mas ao longo da vida tenho observado três alavancas transformadores que integram o sentimento amor: o exemplo pela vivência, a ação e o respeito.
Quem ama vive esse amor, no cuidado, no abraço, na conversa, nos registros de momentos importantes, celebrando as vitórias e acolhendo nas “derrotas”.
Quem ama cuida, participa, chora junto, acredita e faz acontecer, mesmo quando tudo parece perdido, é o segurar das mãos cansadas ou o bater de palmas para a existência.
Quem ama respeita o tempo e o espaço. Respeita as limitações diárias, os choros e desilusões, se importa e escuta, mesmo nos momentos de infinita dor.
Não estou resumindo o amor, nem trazendo placas indicativas de caminhos a seguir, apenas propondo um recorte desse imenso e intenso universo que é amar...
Para o Hoje, sugiro um fechar de olhos, por um minuto apenas, driblando a velocidade do dia:
para pensar sobre a última ação de amor construída;
há quanto tempo isso aconteceu;
qual o próximo passo...
Boa semana!
Publicado por Valnia Véras em 10/02/2025 às 14h09

03/02/2025 13h13
Diversidade
Diversidade
Diversidade é uma palavra muito conhecida, mas pouco respeitada. Embora a diversidade seja algo inerente a essência humana, muitas pessoas ainda insistem em ignorá-la.
Etimologicamente diversidade vem do latim “diversitas”, “atis” e significa “variedade, alteração, mudança, diferença”
Interessante observar, que as diferenças e as mudanças são constantes em nossas vidas, a transformação faz parte do ciclo da existência. Do nascimento até a morte do corpo físico mudamos sem parar, tanto no aspecto corporal, como em relação ao mundo das ideias.
Somos diversos em cor de pele, em formas de ver o mundo, em gêneros, em características corporais, em cultura, em linguagem, em crenças... Mas a ditadura da mesmice deseja esculpir todas, todos e todes numa fôrma única, como se possível fosse.
O abraçar a “diversidade” é orgânico, intenso e dialético. É entender e questionar o raso, o óbvio, é se descobrir num mundo complexo que insiste em defender o superficial.
Sonho com um mundo onde a equidade seja uma realidade, onde famílias com configurações diferentes sejam respeitadas, onde pessoas de raças e etnias convivam em paz, onde pessoas com orientações sexuais e identidades de gênero não precisem se esconder ou se desculpar por existirem, sonho com um mundo inclusivo, onde todas as pessoas possam ocupar espaços seguros e acessíveis...
Por enquanto é apenas um sonho...Mas a semente da Diversidade é plantada cada vez que o Respeito, o Amor, a Empatia e a Justiça caminham na mesma direção.
Publicado por Valnia Véras em 03/02/2025 às 13h13

27/01/2025 08h01
Segunda-feira
A segunda-feira e o seu protagonismo no trabalho, embora seja o segundo dia da semana, em nossos pensamentos laborais sempre ocupa o primeiro lugar.
Segunda é dia de labuta, de retorno, de ressaca, de nos lembrar dos compromissos que abraçamos.
Segunda também é dia de reencontro, dia de rever amigos do trabalho, da escola, da academia…
A segunda é dinâmica, dialética em sua essência. Ela representa a complexidade entre a produtividade e a inércia da solidão , passeando por cobranças e afetos.
Nas filas das agências bancárias, nas salas de aula, nos escritórios e repartições públicas da vida, a segunda-feira encena um espetáculo circense onde ora somos palhaços, malabaristas ou dançarinos buscando aplausos da plateia.
Para os que vivem na solidão, esquecidos pelos familiares demasiadamente ocupados com as metas e horários apertados, a segunda é um dedo de prosa, uma piscada na janela, uma caminhada até a praça para sentir o pulsar do mundo.
O segundo dia da semana já estreou cedo e o tempo urge, força na peruca, que Segundou!!!!
Feliz semana para todas, todos e todos.
Publicado por Valnia Véras em 27/01/2025 às 08h01
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