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21/04/2025 19h09
O desencarne de Francisco
Quando uma luz se apaga, quando o quarto fecha, quando a flor se curva diante da escuridão da noite, a alma chora em silêncio. Hoje o Papa dos pobres faz sua passagem e com ele seguem muitos sonhos.
Francisco é a imagem da coragem, a força que busca a verdade e a justiça. Com sorriso puro e espontâneo abriu uma janela iluminada e feliz, recortando esse mundo trevoso e egoísta que vivemos tantas vezes.
Um líder religioso verdadeiramente cristão. Acolhia, respeitava, lutava por um mundo diverso e seguro. Consolava os sem casa, sem Pátria, sem rumo, sem paz, sem apoio... Estender os braços aos excluídos do mundo era sua missão de amor.
Hoje é dia de saudade, de despedida, de dor...
Amanhã se renovará a esperança, a força motriz do acreditar e do lutar por justiça social, porque Francisco nos ensinou que desistir não é uma opção.
Ser Cristão é se indignar diante da fome, é clamar por paz, é distribuir afeto, é chorar ao lado dos que sofrem e ainda assim lhes mostrar um caminho novo. É dialogar com o improvável e acreditar que a transformação pela bondade é possível.
Querido Jorge, gratidão por tudo! Sei que do plano espiritual, você seguirá, ao lado do Mestre de Nazaré, trabalhando e nos inspirando na construção de um mundo regenerado de amor e lealdade.
Publicado por Valnia Véras em 21/04/2025 às 19h09

09/04/2025 17h43
A força da verdade
Verdade é uma palavra genuína, de difícil acesso e vivência.
Num mundo de aparências e interesses individualistas, reina soberana a senhora hipocrisia, ornamentada por belas máscaras, esculpida e talhada na vaidade.
Na multidão entediante, as máscaras caminham confiantes, despreocupadas, triunfantes entre malabarismos de ideias vazias e sorrisos de desdém.
O cinzento da massa reflete a pobreza de ideais, aquieta-se diante do egoísmo e da necessidade de adular para receber algo de volta, numa simbiose de troca de favores.
Na escuridão da insensibilidade, na corrupção dos pensamentos altruístas, constata-se a tristeza de uma existência vazia, pautada em objetos, em horas de vida vendidas levianamente.
Do alto dos discursos ocos, sem essência, o bobo da corte baila e corre desenfreadamente em direção ao ego inflado, numa tentativa desesperada de alcançar o pote de ouro no final do arco-íris.
A Verdade, tão solitária, coitadinha...
Embora pareça perdida e sem força, o inimaginável sempre acontece. De braços dados com o Tempo, paciente e perseverante, no teatro da vida, durante a encenação do reinado de aparências, a Verdade observa, já no último minuto do ano velho, no fechar das cortinas, o cair das máscaras.
Pasmem! O rei está nu.
Publicado por Valnia Véras em 09/04/2025 às 17h43

31/03/2025 15h53
A gratidão no cultivo dos sentimentos
A vida é uma caixinha de surpresas, em cada esquina encontramos um sentimento diferente, às vezes desabrocha a flor da gratidão, outras tantas são os espinhos da decepção que nos visitam.
Numa montanha-russa de sentimentos, vivemos espalhando e colhendo emoções, sorrindo e chorando, cantando e silenciando. E nesse vaivém, as lições vão se moldando e desenhando o retrato das nossas vidas.
Na risada escancarada, aquela que mostra até a garganta de tanta alegria, cristaliza-se um momento de descontração, eterniza-se a lembrança de uma partilha leve, divertida…
Em instantes de dor, são as mãos estendidas que nos tiram da solidão, do buraco existencial provocado pela perda de um ente querido ou da tristeza inexplicável.
A cumplicidade de um olhar, o abraço amoroso, o toque dos dedos desenhados num imenso coração.
Abraços, beijos, apertos de mão…
Silêncios, avisos, apoio na contramão.
O que seria de nós sem a outra pessoa?
Quem seríamos sem ouvidos para ouvir os lamentos mundanos?
Como levantaríamos todos os dias sem os anjos terrenos, que nos levam nos braços e nos fazem voar?
Hoje, quero agradeço as pessoas que me inspiram a seguir em frente, que chegam colorindo o mundo de amor, de carinho, de amizade.
Os meus dias, mesmo com horas sombrias, são intensamente significativos.
Quando levanto desanimada, lembro de palavras, gestos, ações e inúmeros exemplos de bondade, justiça e verdade.
Graças a vocês, pessoas amorosas, que constroem diariamente, no olho do furacão, um mundo mais empático, mais humano e mais diverso.
Gratidão por existirem e me fazerem acreditar que todas, todos e todes estão tentando, rabiscando, insistindo em criar e recriar um mundo harmônico e justo.
Publicado por Valnia Véras em 31/03/2025 às 15h53
25/03/2025 11h00
ALMA PENADA
As “histórias de assombração” são comuns e corriqueiras, as pessoas costumam ouvir ou noticiar vivências com aparição de fantasmas, espíritos obsessores ou parentes que já “morreram”. Esse assunto surge em razão da curiosidade, do medo ou até mesmo da descrença.
Interessante, que não existem “mortos”, apenas espíritos que não tem corpo.
Interessante também, que nem todos estão sendo penalizados, alguns estão entre nós para auxiliar, aconselhar ou por afinidade energética.
Sabe aquela energia densa que nos faz querer sair de um lugar ?
E aquela sensação boa, que nos acalma?
Ou aquele cheiro de podre num espaço aparentemente limpo?
Ou ainda, aquele perfume de flor repentino e sem justificativa?
São recados, presenças, visitas, vibrações que estabelecemos com o mundo espiritual.
Podemos até enganar os encarnados, mas a relação com os “vivos do além” independe de palavras, é construída no pensamento, na energia que emanamos.
E aí que tipo de amizade você está atraindo?
Publicado por Valnia Véras em 25/03/2025 às 11h00

17/03/2025 17h35
Barreiras Atitudinais
Hoje trago uma reflexão sobre nossas atitudes e comportamentos:
De que maneira nossas ações ou omissões impactam a vida das pessoas?
Diariamente nos deparamos com pautas inclusivas, luta por políticas afirmativas, que garantam cidadania e dignidade aos grupos minorizados.
Quais são os nossos pensamentos acerca dessas reivindicações?
Interessante, que essas pautas num mundo “cristão” nem deveriam existir, pois a igualdade de condições deveria representar a essência dessa sociedade.
Um Jesus revolucionário falava em amor, em perdão, em igualdade, em não julgamento, em acolhimento, respeito… Em que momento esses ensinamentos foram deturpados e chegaram às pregações da atualidade?
O termo “barreira atitudinal”, citado no título deste texto, é utilizado para definir os entraves enfrentados pelas pessoas com deficiência, em razão da falta de empatia, da ausência de sensibilidade, do descaso e da indiferença às causas de acessibilidade.
Num mundo projetado para pessoas sem deficiência, os desafios são imensos. Quando não há conscientização, respeito ou vontade de promover verdadeiramente a acessibilidade, os desafios se transformam em muros altos de concreto, uma profunda e densa barreira de comportamento.
Vou pedir emprestado esse termo “barreira atitudinal” para falar sobre as dificuldades enfrentadas pelos negros, pela comunidade LGBTQUIAPN+, pelas mulheres… Essa barreira manchada de sangue mata, constrange, adoece…
Essa barreira rotineiramente é encontrada “dentro de casa”, quando um(a) filho(a) é discriminado(a) por ter uma orientação sexual distinta da heteronormatividade .
Essa barreira está presente na rua, quando um negro é confundido com um bandido, apenas em razão da sua cor.
Ou no “doce lar”, quando uma mulher precisa se calar diante do marido, numa posição de submissão e medo.
Na diversidade da vida não deveria haver espaço para o preconceito, no dicionário da existência terrena não deveria haver a palavra “excluir”. O curioso é que há uma palavra perfeita para definir essa exclusão: “neutralidade”.
A neutralidade é palavra vazia, porque de fato não existe. Todas as pessoas têm lado. Somos seres políticos e como tal, fazemos escolhas o tempo todo. Resta saber se estamos escolhendo excluir ou acolher.
Lembrei novamente de um homem conhecido por Jesus e também dos que o torturaram e o assassinaram em nome de Deus, acho que eram conhecidos por fariseus, não é?
Parece que a história se repete e se multiplica, pois o Cristo está morando nas ruas (muito quentes ou geladas), pregado nas cruzes de sofrimento, onde os grupos minorizados continuam pendurados e expostos à multidão.
Diante de barreiras atitudinais gigantes, poucos conseguem diminuí-las ou escalar sua estrutura.
Sei que é uma luta árdua, muitas vezes inglória, com poucas e tímidas conquistas, entretanto, guardo a certeza em meu peito, que não desejo estar ao lado dos que ajudam a manter essa parede de segregação ativa.
Publicado por Valnia Véras em 17/03/2025 às 17h35
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