A urgência de fazer o bem, a necessidade de ser mão que acolhe, a angústia de não poder ajudar todas as pessoas... Às vezes é difícil viver num mundo tão complexo, de tanta desigualdade, com tanto preconceito e exclusão.
Desejo intensamente ser essência, jamais aparência, porque fazer de conta só funciona quando o objetivo for alegrar a vida de alguém. Na labuta diária, na construção de um mundo melhor, as atitudes e pensamentos precisam ser verdadeiros.
Diante da verdade, os desafios são imensos.
A distribuição da essência representada pela bondade real não se restringe à religião, ela vai além, é estruturalmente espiritual, um passo em direção à evolução da humanidade.
Testemunhamos religiosos hipócritas adotando ações incoerentes com os ensinamentos de Jesus, utilizando seu nome para justificar o “descartar” dos irmãos e irmãs. Também nos deparamos com ateus empáticos, que mesmo sem promessas de “paraíso” constroem laços fraternos com os “indesejados”.
Nesse mundo diverso, de configurações familiares tão distintas, de pessoas com vivências tão diferentes, por que limitar comportamentos?
Nos momentos de reflexão, costumo indagar em frente ao espelho: por que defender grupos minorizados muitas vezes é sinônimo de heresia?
Regras são importantes para organização de um povo que gosta de direitos, mas evita os deveres. Quanto mais regras são criadas, mais pessoas se apresentam dispostas a driblá-las, deturpá-las e direcioná-las a seu favor.
Numa sociedade cristã, realmente cristã, não há lugar para privilégios, nem hierarquia. Basta lembrar do Cristo de Nazaré: andarilho, sem bens materiais, sem acúmulo de capital, sem ocupar cargos ou posições importantes , sem a burocracia dos fariseus.
Como estamos distantes dessa tão sonhada sociedade fraterna...
O que nos resta é sonhar com a volta para casa, levando na mala os tesouros do coração.
O tempo urge, é hora de plantar sementes...
Valnia Véras