Verdade é uma palavra genuína, de difícil acesso e vivência.
Num mundo de aparências e interesses individualistas, reina soberana a senhora hipocrisia, ornamentada por belas máscaras, esculpida e talhada na vaidade.
Na multidão entediante, as máscaras caminham confiantes, despreocupadas, triunfantes entre malabarismos de ideias vazias e sorrisos de desdém.
O cinzento da massa reflete a pobreza de ideais, aquieta-se diante do egoísmo e da necessidade de adular para receber algo de volta, numa simbiose de troca de favores.
Na escuridão da insensibilidade, na corrupção dos pensamentos altruístas, constata-se a tristeza de uma existência vazia, pautada em objetos, em horas de vida vendidas levianamente.
Do alto dos discursos ocos, sem essência, o bobo da corte baila e corre desenfreadamente em direção ao ego inflado, numa tentativa desesperada de alcançar o pote de ouro no final do arco-íris.
A Verdade, tão solitária, coitadinha...
Embora pareça perdida e sem força, o inimaginável sempre acontece. De braços dados com o Tempo, paciente e perseverante, no teatro da vida, durante a encenação do reinado de aparências, a Verdade observa, já no último minuto do ano velho, no fechar das cortinas, o cair das máscaras.
Pasmem! O rei está nu.